MAPA DO SITE ACESSIBILIDADE ALTO CONTRASTE

Semana Acadêmica de Ciências Sociais e Filosofia

V SEMANA ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E FILOSOFIA

CEFET-MG

Apresentação

Última modificação: Sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Semana Acadêmica de Ciências Sociais e Filosofia do CEFET-MG é um evento organizado anualmente pelo Departamento de Ciências Sociais e Filosofia, voltado para a formação crítica dos alunos e alunas dessa instituição, nos níveis médio (ensino médio integrado e ensino técnico) e superior (graduação e pós-graduação). Para o ano de 2018 a Semana propõe a criação de um espaço de reflexão e discussão sobre a realidade brasileira e o atual cenário de crise, não apenas econômica, mas das próprias instituições democráticas, sob o enfoque da influência da mídia, das novas tecnologias e das redes sociais, da indústria das fake news e da produção de um tipo de discurso que tem sido chamado de pós-verdade.

Com efeito, nos últimos anos temos assistido no Brasil a um cenário de radicalização e polarização política/partidária/ideológica, que se reflete tanto na realidade virtual como fora dela, no interior do qual a internet, as redes sociais e as possibilidades apresentadas pelas novas tecnologias, como uso de aplicativos de envio de mensagens e transmissão de informação, por exemplo, são da maior relevância. As chamadas fake news, informações falsas ou ao menos distorcidas, disseminadas através das redes sociais e do uso de aplicativos de mensagens, tornaram-se uma epidemia mundial. Elas fazem parte de uma nova modalidade de guerra informativa usada com objetivos políticos. O Brasil, nesse contexto, aparece como um perfeito campo de batalha no qual as fake news já vêm contaminando o debate político há algum tempo, e a necessidade de reflexão sobre este fenômeno ganha ainda mais peso e relevância quando se leva em consideração o fato de que o Brasil é um dos países com mais usuários e um dos mais ativos nas redes sociais em todo o mundo.

Boatos, inverdades, e informações falsas sobre pessoas (políticos, artistas, etc) e acontecimentos são rapidamente disseminados como notícias por meio de dispositivos diversos, redes sociais e aplicativos de celular, a partir de uma construção narrativa capaz de fazer as pessoas acreditarem que aquela “informação” é verdadeira. A fonte, a objetividade da notícia, a própria verdade ou não da informação deixam de ser o mais importante e cedem espaço gradativamente ao apelo às emoções e crenças dos destinatários das informações. Acreditar, ter fé na “informação”, torna-se mais importante que o fato propriamente dito. É a era da pós-verdade, escolhida a palavra do ano em 2016 pelo Dicionário Oxford.

Somado a isso, o uso maciço de redes sociais está associado ainda a outra série de problemas: por um lado, o fato de que as redes sociais são dominadas por algoritmos que moldam a percepção dos usuários acerca da realidade, criando bolhas de realidade moduladas a partir de sua interação, daquilo que eles curtem, compartilham e comentam; por outro, o fato de que as informações dos usuários ficam à disposição de megacorporações que fazem delas um uso nem sempre transparente, podendo ser vendidas para empresas e acessadas por governos, como o caso mais recente envolvendo a empresa Cambridge Analytica e o Facebook demonstrou; além disso, há ainda o recurso a perfis falsos, também conhecidos como bots, empregados por empresas especializadas que trabalham com monitoramento de redes, especialmente para políticos, no intuito de influenciar a opinião pública sobre temas relevantes. O impacto desses recursos, possibilitados pelo desenvolvimento das novas tecnologias da informação, fez-se sentir fortemente no caso do Brexit, nas eleições americanas e no cenário político brasileiro.

Por outro lado, as novas tecnologias, dispositivos móveis e as redes sociais têm influenciado fortemente a configuração dos movimentos políticos e sociais na atualidade, possibilitando um novo tipo de ativismo, político, digital, e a construção de espaços de reflexão, troca e cidadania. Elas têm permitindo aos cidadãos não apenas emitir sua posição de anuência ou discordância em relação à projetos que tramitam na Câmara e no Senado brasileiro, por exemplo, mas também a atuar politicamente por meio de petições online e a se organizar e mobilizar com maior eficiência e alcance, como ficou evidente no papel por elas desempenhado nas grandes mobilizações que ocorreram ao redor do mundo nos últimos anos, como a Primavera árabe, o movimento dos Indignados na Espanha e as Jornadas de junho de 2013 no Brasil.

A importância de um evento desta natureza, como o proposto pela IV Semana Acadêmica de Ciências Sociais e Filosofia do CEFET-MG, está em promover um debate acadêmico que coloca em destaque um conjunto de fenômenos, a pós-verdade, as fake news, as redes sociais e as novas tecnologias, que têm impactado de forma decisiva na realidade política brasileira.